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A JANELA DO ORGANISMO

A partir desta edição, o Jornal Expresso d’Oeste aborda os diversos métodos e terapias alternativas. A primeira delas é a Iridologia, um método não muito conhecido na região, mas que surgiu no século 19

Geral - 29/04/2016 14:57
Todas as terças e quintas-feiras à noite Maristela Teston tinha hora marcada com as aulas de inglês. Ela é enfermeira há 30 anos no município de Águas de Chapecó, mas o curso era no município de Palmitos, aproximadamente 21 quilômetros de distância. Uma rotina simples de ir e vir, mas que para Maristela era tortuoso. Às vezes o curso era cancelado devido ao problema sério que acometia a enfermeira. Maristela sofria da Fibromialgia, uma síndrome em que a pessoa sente dores por todo o corpo durante longos períodos, com sensibilidade nas articulações, nos músculos, tendões e em outros tecidos moles.
Ela até pensou em contratar um motorista particular para levá-la a qualquer lugar. “A pior coisa para mim era pegar o carro e saber que precisava dirigir, principalmente em dia de chuva, porque doía muito mais”, relembra. Maristela tinha 18 pontos de desequilíbrio no corpo, que provocavam dores imobilizastes. “Às vezes eu não podia pentear o cabelo, e nem escovar os dentes de tanto que doía. Era dor no pescoço, no ombro, no cotovelo, era simplesmente dor, era a Maria das dores”, conta.
Era remédio para dormir e remédio para depressão, embora ela não se achasse depressiva. “Eu achava algum consolo na medicação, mas chegou ao ponto que nem a medicação adiantava”, conta. A mulher ressalta que já passou pelas mãos de um reumatologista, clínico geral, doutor em medicina esportiva e fisioterapeuta, mas nenhum conseguiu resolver ou amenizar a dor que sentia.

A ÚLTIMA CARTADA
Depois de passar por tantos profissionais e não conseguir curar a fibromialgia, Maristela apostou em um método não muito conhecido na região, a Iridologia. Ela explica que ficou sabendo por meio de uma amiga, o que a deixou inquieta e curiosa. “Eu fui buscar a Iridologia, fiz um curso de 12 meses em Curitiba e depois que terminei a primeira coisa que fiz foi ler o meu olho”, conta.  A primeira paciente de Maristela foi ela mesma, na avaliação da própria íris ela identificou os 18 pontos de desequilíbrio no corpo. 
A enfermeira acrescenta que esse método é como se fosse um check-up, pois tudo que acontece com o corpo é marcado na íris do olho. Essa avaliação acontece por meio de um instrumento chamado Irisdoscópio que permite a análise do nível de saúde do organismo. “É um método preventivo de doenças, que trabalha preventivamente e muitas vezes recuperando a saúde devido a desequilíbrios orgânicos, ou seja, trata o corpo humano como um todo, onde qualquer alteração em uma parte afetará as demais. É um exame indolor, não invasivo e de baixo custo”, explica.
Como a Iridologia não trata, ela buscou algo além, pois sentiu a necessidade de largar a medicação, por isso buscou a naturopatia e a cromoterapia, se especializando nessas duas áreas também. “A naturopatia é um tratamento por meio de ervas naturais, é um sistema de medicina baseado no poder da cura da natureza. Por meio da naturopatia é possível entender as patologias através do corpo, mente e espírito. Há seis meses não tomo nenhum tipo de medicação”, revela.
Já a cromoterapia tem objetivos parecidos, por ser uma terapia alternativa que também busca o equilíbrio da saúde física, mental e espiritual, mas por meio das cores. “Para a pessoa estar bem e ser protagonista da própria história, ela precisa estar com uma energia boa e a cromoterapia é um caminho”, aconselha. Quando questionada se os pacientes saem do consultório com algum tipo de receita, ela comenta que o paciente saí com complementos alimentares e receitas de chás. “Eu não indico onde comprar, eu sugiro que elas plantam as ervas em casa, e muitas as vezes, o paciente até têm na própria casa”, evidencia.

PROCEDIMENTOS
O exame não é invasivo e nem doloroso. O primeiro passo é tirar uma foto da íris do paciente, com o auxílio de uma câmera fotográfica comum acoplada a um iridoscópio, instrumento dotado de lentes que permitem a observação da íris em seus mínimos detalhes. Após, a imagem é reproduzida na tela do computador por um programa específico que analisa a íris e detecta os problemas. Essa reprodução na tela de um computador facilita a visualização dos sinais e a interpretação dos resultados.
        Maristela deixa claro que a Iridologia não detecta doenças, mas sim as partes do corpo mais frágeis e que devem receber uma maior atenção do paciente. O iridólogo avalia os sinais, cores, pigmentações, estrias, fendas e anéis e sua localização na íris com o auxílio do mapa iridológico. Desta forma, é possível fazer uma avaliação da saúde e fragilidades do organismo do indivíduo.
Além dessa avaliação do corpo, o iridólogo também observa sinais e padrões que remetem à avaliação emocional e de personalidade de um indivíduo, contribuindo para seu autoconhecimento.

CUSTOS E ONDE É OFERECIDO 
        A consulta de um iridologista custa em torno de R$ 150 a R$ 200. Maristela informa que a procura pelo serviço só não é maior devido à falta de conhecimento, pois embora os avanços tecnológicos vêm contribuindo, e muito para a manutenção e recuperação da saúde dos indivíduos, a tecnologia as vezes é muito limitada, cara e invasiva, sendo usada somente para amenizar os sintomas da doença, sem se aprofundar na busca, pelas verdadeiras causas destes sintomas.
Já o curso que Maristela fez em Curitiba, no Centro de Formação Profissional em IridologiaLtda, durou um ano e custou por mês R$ 1,2 mil, com aplicação de provas e Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Em Chapecó um curso de Iridologia está sendo oferecido no Instituto Open Vittal, no Centro Educacional Contemporâneo. Não há clínicas específicas de iridologia e sim profissionais que trabalham com o método, pois geralmente os iridólogos trabalham com outras terapias também. 

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QUANDO COMEÇOU O ESTUDO?
O estudo e diagnóstico começou no século 19, com um jovem húngaro, chamado, Ignaz von Peczely, que ao socorrer uma coruja com a perna quebrada observou marcas na íris do animal. Quando o menino cresceu tornou-se médico e continuou a observar a íris dos pacientes, descobrindo assim que tudo que acontece no organismo é marcado por meio de vários sinais na íris e criou o primeiro mapa, baseado em suas descobertas.

IRIDOLOGIA É CHARLATANISMO?
          Muitos médicos desacreditam na Iridologia, por falta de conhecimento do método, segundo Maristela alguns acham que ele retira o tratamento convencional receitado pelos mesmos, o que a enfermeira nega, pois o objetivo da Iridologia não é tirar medicação do paciente e sim conciliar com uma técnica mais saudável. “Se é possível e em construção com o médico responsável pelo paciente pode se fazer o desmame da medicação”, declara.
        Maristela também ressalta que o profissional iridologista precisa de toda uma base para atuar, já que tem ligação direta com a saúde das pessoas. “Eu tenho toda uma formação na saúde pública, tenho mestrado, dei aulas em universidades para hoje ser iridologista. Para tudo tem o bom senso”, afirma.Quando questionada sobre os pontos negativos, ela afirma que “não vê, acho que a Iridologia dá um suporte a tudo que imaginar, inclusive para pacientes terminais e cânceres. Eu não vejo nada de negativo” responde.
A reportagem entrou em contato com o curso de medicina da Unochapecó e com três clínicos gerais da região para saber a opinião deles sobre a Iridologia, mas ninguém quis se pronunciar ou não sabiam falar sobre o assunto. Então contatamos o naturopata Alcir Marques, doutor em filosofia terapêutica, terapeuta e iridologista biomolecular. 
Marques explana que a Iridologia não faz diagnóstico e sim funciona como um método que ajuda a identificar o nível de intoxicação de um organismo, como são os hábitos do dia a dia do paciente. “Há uma área dentro da Iridologia, chamada Iridossomatologia, que permite identificar através da estrutura da íris do olho a área comportamental da pessoa, porque ela reage as vezes a uma determinada situação e de determinadas formas, como por exemplo, porque uma criança é mais quieta, enquanto outras são mais agitadas, essa é uma área muito interessante da Iridologia”, afirma. 
Segundo Marques, a Iridologia de fato não tem comprovação científica, mas existe uma associação mundial e também nacional de médicos Iridologistas, e que tudo depende do ponto de vista. “A Iridologia é uma ferramenta a mais que as pessoas usam, mas não pode jamais substituir um diagnóstico médico, pois ela é só um complemento que ajuda a observar como está a estrutura da pessoa”, explica.

CONTRA PONTO
Em consulta a outras fontes, o Conselho Regional de Medicina do Paraná publicou um parecer Nº 2157/2009 CRM-PR, que diz que a iridologia é uma técnica sem fundamentação científica, não reconhecida pela Medicina, Conselho Federal de Medicina e pelo governo brasileiro. Na justificativa o parecer apresenta que não há evidência científica que a iridologia funcione do ponto de vista diagnóstico e terapêutico. Não há relação entre a mesma e física quântica na literatura mundial. Como exemplo, há trabalhos que avaliam as doenças alérgicas e asma, cujo resultados não são controlados e com resultados inconclusivos.
Já Maristela contrapõe quando questionada sobre o reconhecimento da Iridologia no Brasil. Segundo ela, desde 1998 o método foi reconhecido pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) através do Protocolo 7224/98 em 06/10/1998 às 16hs, como mais um método de diagnóstico não invasivo onde não cura doenças e nem trata pacientes, mas podendo ser utilizada por todos os profissionais capacitados nesta ciência. “A iridologia como método científico de conhecimento humano não se enquadra nos Artigos 171,282, 283, 384, 299 do Título VIII Cap. III do Código Penal Brasileiro”, contextualiza.  
A profissional acrescenta que o ato de trabalhar como iridólogo está classificado como Ocupação de Forma Livre baseada na Constituição Brasileira Art. 5, XIII - (cap. 13). Com uma longa história, a Iridologia é testada pelos pacientes que relatam os bons resultados do método, porém, médicos ainda desconfiam da eficácia, o que polariza o debate em favoráveis e contrários.

Fonte: Darlei Lottermann
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