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A delicada decisão de internar o idoso numa casa de repouso

Em entrevista ao Jornal Expresso d’Oeste, a enfermeira psiquiátrica da Nupai, Débora E. S. Riese, fala sobre os desafios da casa e como as famílias podem entender o envelhecimento como um processo normal e aprender a conviver da melhor forma possível com as pessoas dessa idade

Geral - 04/08/2017 09:41
A decisão de internar o idoso em uma casa de repouso pode gerar sentimentos como culpa para alguns e alívio para outros. Mas em muitas situações, é o melhor a ser feito por famílias que não possuem estrutura financeira e psicológica para tal. Segundo Ricardo Spilborghs, clínico médico e geriatra da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia Medicina, há casos em que é preferível internar o idoso em uma instituição adequada com corpo médico a mantê-lo com a família sem a devida atenção e cuidados. Ele destaca que o tema é delicado e exige muita seriedade.
Em meio a esse dilema familiar, aatenção na hora da escolha da instituição é indispensável para que a mudança seja o menos dramática possível tanto para o idoso quanto para os familiares.
Um dos pontos que deve ser observado com rigor é o corpo de profissionais que atua na instituição. Segundo Antônio Jordão Netto, sociólogo e geriatra, coordenador da Universidade Aberta da Terceira Idade da Pontifícia Universidade Católica (PUC), a família deve se certificar se a instituição conta com suporte para atender o idoso. Para Netto, o Brasil ainda não está preparado para o envelhecimento da população, nem para oferecer qualidade de vida a seus idosos. Um dos principais problemas que ele aponta nos asilos e nas casas de repouso é a falta de atividades ao longo do dia.A professora de psicologia Ana Cristina Conasa Gonçalves, da Universidade Aberta da Terceira Idade da Pontifícia Universidade Católica (PUC), destaca que, atualmente, há ótimas opções repletas de atividades, mas o tema ainda carrega muito preconceito. Ela destaca que o mais importante é que a família não abandone e não deixe de dar afeto ao idoso.

NUPAI

Em Palmitos, o trabalho realizado por um grupo de profissionais dedicados e comprometidos, tem se destacado na região, quando se fala em casas de repouso para idosos. Desde janeiro de 2013, a NUPAI (Associação Núcleo de Profissionais e Amigos dos Idosos) vem atendendo uma demanda significativa de idosos, sendo 19 atendidos, de ambos os sexos, oriundos de vários municípios da região oeste de Santa Catarina.Dentre eles: Palmitos, Caibi, Mondai, Concórdia, São Miguel do Oeste, Riqueza, São José do Cedro, Serra Alta, Seara.
A Nupai é uma instituição sem fins lucrativos que tem por objetivo propiciar atenção integral em caráter residencial, entendido como um conjunto de serviços especializados que visam a promoção e manutenção da saúde física e emocional. Cuidados pessoais e convívio social, com condições de liberdade e dignidade. Alternativa de cuidado e moradia para a população idosa, reduzindo o estres do cuidador familiar possibilitando um atendimento especializado através da equipe.Em entrevista ao Jornal Expresso d’ Oeste, a Enfermeira especialista em Enfermagem Psiquiátrica da casa, Débora E. S. Riese, que também é a responsável técnica, destaca que a instituição respeita a individualidade do indivíduo, garantindo a autonomia, participação e convívio social. “ Proporcionamos atividades lúdicas, jogos que estimulem a memória, atividades recreativas, atividades físicas, grupos psicoterapêuticos, seções de fisioterapia, estimula a religiosidade, atendimento médico e assistência de enfermagem, além de administração medicamentosa devidamente supervisionada por profissional qualificada, com o objetivo de organizar as atividades proporcionando um ambiente harmonioso, buscando sempre bem estar e qualidade de vida”, destaca.
Hoje a casa conta com uma equipe composta por 13 funcionários, sendo: um Educador físico, duas psicólogas, um fisioterapeuta e uma nutricionista.

A SITUAÇÃO DE NEGLIGENCIA COM IDOSOS

A enfermeira destaca que,a maturidade e a velhice impõem alguns desafios individuais e socioculturais no grupo em que os idosos estão inseridos principalmente no que se refere às limitações do envelhecimento e às expectativas sociais.A população idosa no mundo está crescendo de maneira acentuada e a sociedade civil não está preparada para esta nova realidade, tanto no que diz respeito no âmbito da saúde como no meio social e familiar. “As famílias possuem dificuldade de lidar com estas mudanças que a idade nos traz, doenças degenerativas e suas consequências. Devido a isso ocorre a negligência, dificuldade de aceitação da família e de todos os atores sociais envolvidos neste cuidado”, destaca.
Segundo Débora, a ONU estima que existem 606 milhões de idosos distribuídos em todo o mundo sendo que, aproximadamente, 180 mil são centenários. Essa longevidade se deve principalmente à melhoria da qualidade de vida e aos avanços da medicina. “Em 1982, a Assembleia Mundial sobre o envelhecimento, reunida em Viena, estabeleceu a idade de 60 anos como limite inferior da etapa do envelhecimento. Contudo, o processo do envelhecimento não começa aos 60 anos. Ele é o acúmulo de interações sociais, biológicas e comportamentais durante toda a vida”, frisa.. 

QUAL A ATENÇÃO QUE UM IDOSO MERECE RECEBER?

Para Débora, a velhice não pode ser encarada como uma doença.“É uma etapa da vida com características e valores próprios, em que ocorrem modificações no indivíduo, tanto na estrutura orgânica quanto no metabolismo, no equilíbrio bioquímico, na imunidade, na nutrição, nos mecanismos funcionais, nas características intelectuais e emocionais.São essas modificações que dificultam a adaptação do indivíduo no seu meio, exatamente pela falta de condições que favoreçam o envelhecimento biopsicossocial”, enaltece. 
Diante disso, inegavelmente, há uma redução sistemática do grau de interação social como um dos sinais mais evidentes da velhice. 
Concorrem para agravar essa situação vários fatores demográficos, socioculturais e epidemiológicos, como aposentadoria, perda de companheiros de trabalho, aumento de tempo livre, mudanças nas normas sociais, impacto da idade sobre o indivíduo, impacto social da velhice, perda de segurança econômica, rejeição pelo grupo, filhos que se afastam, dificuldades citadas pela sociedade industrializada, condução difícil, trânsito congestionado, contaminação do ar afetando a sua saúde, aumento da frequência de determinadas enfermidades, dificuldades de aceitação de novas ideias que se chocam com os modelos tradicionais de conduta, fazendo o idoso duvidar do que vem até então seguindo.  “Precisamos entender o envelhecimento como um processo normal e aprender a conviver da melhor forma possível, evitar agressões psicológicas e físicas. Se doar, dar atenção, estimular o convívio social, possibilitar o convício com os netos e demais familiares, levar para passear, sempre tratar com muito amor e carinho”, finaliza.






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