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Mais de 200 pacientes morreram em SC à espera de leito para Covid em março

Desde 1º de março, ocorreram 3.208 mortes por Covid-19 no estado, pelo menos 218 morreram enquanto aguardavam um leito de UTI. Ainda no início da segunda quinzena, se tornou o mês com maior número de óbitos ocorridos no estado desde março de 2020

Coronavírus - 31/03/2021 09:18 (atualizado em 31/03/2021 09:20)

Pacientes na emergência do Hospital Regional São Paulo, em Xanxerê, aguardam leitos em 22 de fevereiro — Foto: Ana Lucietto/HRSP/Divulgação


Pelo menos 218 pacientes da Covid-19 morreram em Santa Catarina no mês de março enquanto esperavam por um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) ou enfermaria especializado para a doença. O número leva em conta um documento divulgado pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) e um levantamento feito pelo G1.

Desde 1º de março, ocorreram 3.208 mortes por Covid-19 no estadoDesde 1º de março, ocorreram 3.208 mortes por Covid-19 no estado. Ainda no início da segunda quinzena, se tornou o mês com maior número de óbitos ocorridos no estado desde março de 2020.

O dia mais crítico até o momento foi o último dia 22, quando 143 pessoas perderam a luta contra o coronavírus, média de 1 morte a cada 10 minutos. A média é de 107 óbitos ocorrendo diariamente no estado. Em 30 dias, em apenas nove houve menos de uma centena de mortes.

Santa Catarina passou de 800 mil casos confirmados de Covid-19 desde março de 2020, sendo que 10.752 destas pessoas morreram por complicações da doença. Os dados são do boletim do governo do estado de terça. Nos hospitais, 302 pacientes aguardam por um leito de UTI Covid.


Mortes de pacientes à espera de leitos

Entre o dia 1° de janeiro até 18h21 de 22 de março, 194 pessoas haviam morrido no estado à espera de um leito de UTI Covid adulto, segundo ofício da Secretaria de Estado da Saúde (SES) enviado ao MPSC. Desde então até a terça-feira (30), pelo menos mais 24 pacientes também morreram enquanto aguardavam por um leito especializado, de acordo com levantamento do G1 feito com nove hospitais e 15 prefeituras.


Essas 24 pessoas são dos municípios de:

Xanxerê - 6 mortes (no Hospital Regional São Paulo. Não foi informado pela unidade se óbitos são de moradores de outras cidades)

Guaramirim – 4 mortes (no Hospital Regional Terezinha Gaio Basso. Não foi informado pela unidade se óbitos são de moradores de outras cidades)

São Miguel do Oeste - 4 mortes (no Hospital Regional Terezinha Gaio Basso. Não foi informado pela unidade se óbitos são de moradores de outras cidades)

Ituporanga - 3 mortes

Catanduvas - 2 mortes (pacientes morreram em Joaçaba)

Campo Alegre - 1 morte

Herval D'Oeste - 1 morte (paciente morreu em Joaçaba)

Ibicaré - 1 morte (paciente morreu em Joaçaba)

Joaçaba - 1 morte

Treze Tílias - 1 morte (paciente morreu em Joaçaba)


Dados do MPSC

Entre o dia 1° de janeiro até 22 de março, 233 pacientes não resistiram à espera por um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) especializado em Covid-19, segundo documento da Secretaria de Estado da Saúde (SES) enviado ao Ministério Público de Santa Catarina (MPSC). A alta de óbitos ocorreu em março, com 194 mortes. Em janeiro foram três mortes e em fevereiro 36.


Protocolo de prioridade em UTI

Por causa da lotação dos leitos, a SES emitiu aos hospitais catarinenses um documento que determina o uso do Protocolo de Alocação de Recursos em Esgotamento pelos hospitais de Santa Catarina. Na prática, a regra define qual paciente terá prioridade por uma vaga em UTI.

O texto enviado às unidades na sexta-feira (26) foi proposto em abril do ano passado por instituições de saúde do país para ser usado em cenário de colapso do sistema hospitalar. Com a nova deliberação, o estado convidou todos os hospitais a usar a norma.

O G1 entrou em contato na terça-feira com dez hospitais catarinenses para saber como está a aplicação do protocolo. Entre os procurados pela reportagem, os hospitais São José de Joinville e Nossa Senhora da Conceição, em Tubarão, disseram que está seguindo as medidas, mas não informaram detalhes. O Hospital de Guaramirim afirmou que deve começar a treinar a equipe para utilização das orientações, caso seja necessário.

Dois informaram que não houve a necessidade de aplicar o protocolo por não ter fila à espera de leito e dois informaram que o novo protocolo não é usado. Três hospitais não responderam aos questionamentos.


Criação do protocolo

A médica intensivista catarinense Lara Kretzner, que participou da criação do protocolo, afirmou na segunda-feira (29) que o documento é necessário para diminuir o número de vítimas da Covid-19.

Segundo ela, lidar com o nível atual de escassez de leitos de UTI não faz parte da rotina dos profissionais de saúde. Por isso, a escolha é motivo de dor e sofrimento também para quem trabalha nas unidades.

"Somos obrigados a escolher, porque senão vai morrer muito mais gente ainda", conta.

O protocolo classifica os doentes de acordo com a condição de saúde e a expectativa de vida. Quanto menor a pontuação, maior a prioridade na fila por UTI. O objetivo do texto é tirar dos profissionais de saúde o peso moral e ético de fazer a escolha dos pacientes que terão tratamento em unidade de terapia intensiva.

"Imaginávamos que poderíamos chegar a esse ponto, mas desejávamos muito que não. É uma obrigação das sociedades científicas, especialmente aquelas que lidam com pacientes graves, ter um protocolo para quando se chega a uma situação como essa", afirma.


Recorde de mortes

Março de 2021 trouxe outro destaque negativo em Santa Catarina: o de mês com maior número de mortes por Covid-19. Em 1º de março, havia 7.438 óbitos por complicações da doença no estado desde o início da pandemia. No boletim de terça, eram 10.752 mortes. A diferença resulta em 3.314 vidas perdidas no mês.

Antes, o recorde de mortes era de dezembro, com 1.491 óbitos. O estado também passou todos os dias de março deste ano com todas as regiões em risco gravíssimo para a doença.

Fonte: Fonte: G1 SC
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